Quando o assunto é Karma, todos pensam que estão hoje sendo influenciados por algo que fez numa vida passada. Karma é uma ação que tem consequencias benéficas ou danosas de acordo com a raiz da ação. Uma atitude que tenha um resultado negativo pode ter sido iniciado com uma intenção benéfica. Um resultado benéfico pode ter sido iniciado com a intenção negativa. A reação pode ser imediata ou pode ser muito demorada.
Nossas ações e o Karma
Nossas ações são automáticas pela falta de consciência do agente e é alimentada pela influência do objeto para onde se destina a ação. Então somos responsáveis pelas nossas ações e as ações que geramos nos outros, um retroalimentando o outro. Nós estamos constantemente gerando Karmas, mas se em uma relação, um dos envolvidos conseguir perceber este mecanismo, há possibilidade de cessar a ‘alimentação’ do processo.
Karma nos dias atuais
Um grande exemplo do Karma atual é o celular, objeto que hoje todos temos, usamos e não nos era necessário e talvez ainda não seja, mas hoje se tornou parte de nós. Alguns alunos entram na sala de aula com o telefone ligado e não conseguem perceber que eles não precisam ser achados em qualquer momento. Qualquer ação gera Karma. Preciso citar aqui, pois este texto vem como um alerta, a ação negativa de alguns professores, ditos espirituais.
Estive a uns meses observando a atitude de um certo professor que adora criar uma legião de seguidores. Seus ‘alunos’ sentem-se importantes por estar perto desta pessoa, poder ouvir os sábios conselhos que ele lhes dá e criam a falsa sensação de estarem ‘evoluindo’ para algum lugar. E o professor se alimenta da estima que lhe é dada, assim os ‘alunos’ são necessários para o desenvolvimento Karmico do professor e vice-versa.
São cegos, sendo guiados por cegos, e aqui a cegueira é da visão estreita, da falta de luz de conhecimento, do breu da ignorância. Falo isso, porque na escola nós temos grupos de cegos as sextas-feiras e eles saem organizadamente um sustentando o outro, descendo lances de escada, amparando o colega na deficiência sem dar a ilusão de ser as pernas ou muleta alheia, por isso as vezes discordo deste ditado popular, porque um cego sendo guiado por outro tem mais chances de chegar a algum lugar do que um professor que não nota os laços de dependência e as estruturas Karmicas que está inserido.
Os valores da espiritualidade
Os valores que este professor passa são reais, mas da boca para fora , é a espiritualidade vendida em fórmulas mágicas, uma gota de meditação, um livro que se lê, uma historia de um sábio e pronto! Os alunos precisam do professor e de alguém que lhes diga o que fazer porque não podem, ou não conseguem ser responsáveis por suas próprias decisões e pelo seu próprio caminho. São tão absolutamente infantis que não percebem em que maionese estão viajando.
A situação é tão patética, se não fosse ainda mais triste, que quem não faz parte do grupinho, adoraria fazer, e além disso, inveja a amizade de alguns poucos selecionados amigos do ‘amado professor’. Isso vai gerando uma bola de neve sem fim. Os alunos sustentam a baixa estima do professor dando-lhe a sensação de poder, e ele por sua vez, oferece somente o que é agradável aos ouvidos dos seus pupilos. Existe até uma aura de amor fraternal que envolve o ambiente.
Relação professor-aluno no Karma
A relação professor-aluno não é jamais algo que possa sustentar as ilusões de ambos. As vezes, você na posição de professor vivencia o oposto de ser adorado porque não fala o que os outros esperam ouvir, não acaricia o ego dos alunos, pelo contrário faz questão de mostrar o automatismo mecânico que os coloca em apuros.
O professor tem como obrigação tornar claro que você (assim como ele) é presa constante de suas ações repetitivas e estamos todos juntos. Conheço uma professora de Yoga fumante que pede aos que sabem do seu vício, para que finjam que esta ação é natural. Ser ‘cutucada’ quanto a inconsistência de seu discurso de boa saude é muito agressivo, segundo ela, fere os princípios da não violência, ou seja, para ela parar de fumar é um ato de violência. Não contente, ainda me disse que fala aos alunos ‘faça o que eu falo, não o que eu faço’.
Teoria do Yoga
Veja como podemos usar o que aprendemos na ‘teoria do Yoga’ como ferramentas para alimentar mais nossos condicionamentos. Quais são os valores passados em sua aula? O que nos resta? Se você julga que este discurso é pessimista, ele não é. Pois conheço pessoas que seguem o que falam. Levam uma vida verdadeira e que merecem o título de professor. Outros que ralam de verdade atras de merecerem o titulo que já tem, mas sabe que que ele é algo muito além do papel timbrado e assinado.
Nos resta tomar as rédeas de nossas ações e sair deste torpor, dessa imbecilidade que nos aprisiona.
Tome consciência das relações que você mantém e cesse a ‘alimentação negativa’ percebendo quais atitudes suas produzem dano. Olhe na sua direção, não para os outros. Não tente mudar as pessoas, pois é preciso respeitar o processo individual de cada ser e tente não ‘prender os outros num ambiente estreito’ como se não fosse possível para ele sair de tal situação.
Deseja aprender mais sobre a teoria do Yoga e sua aplicação na prática? Confira nosso artigo sobre as posturas de Yoga para iniciantes e seus significados.
Ghandi e sua teoria
Gandhi dizia ‘seja o exemplo do que você quer ver no mundo’. Mas faça por você e para você. Você deseja ser um exemplo para provar a você mesmo que é possível ter uma vida alinhada com o Dharma. As relações curativas são as que não tem espaço para a inverdade e não alimenta a ilusão dos outros. Cuidado com a deliciosa sensação de poder quando colocado frente a uma turma. Você está a serviço do Yoga e isso é bem distante de estar a serviço do seu ego. E que todos os seres em todos os lugares sejam felizes.
Sobre a autora
Texto por: Juliana Priyah
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